A grande imigração italiana foi um dos maiores movimentos migratórios voluntários da história. Entre o final do século XIX e meados do século XX, milhões de italianos deixaram seu país natal, impulsionados por uma série de adversidades que afetavam tanto o campo quanto as cidades: pobreza generalizada, instabilidade política, falta de oportunidades, escassez de terras agricultáveis e, mais tarde, as consequências das grandes guerras.
Diante desse cenário, muitos enxergaram nos continentes americanos a chance de reconstruir a vida e partiram em busca de trabalho, dignidade e um futuro melhor.
E é por isso que, neste artigo, vamos explorar os principais períodos dessa emigração, os destinos mais procurados pelos italianos, os motivos que os levaram a partir e o legado que esse movimento deixou em diferentes partes do mundo. Acompanhe com a io!
As causas da emigração em massa
O fenômeno da grande imigração italiana começou a se intensificar nas décadas seguintes à unificação do país, concluída em 1871, quando a Itália ainda passava por desigualdades regionais. Enquanto o Norte avançava rumo à industrialização, o Sul sofria com pobreza extrema, estruturas feudais e um campo superpovoado, agravando a situação econômica e social da população.
Além dessas disparidades, a falta de oportunidades, a escassez de terras agricultáveis e as crises econômicas periódicas pressionavam ainda mais as famílias, levando muitas delas a buscar “pão e trabalho” além-mar.
E foi no final do século XIX que essa situação chegou a um ponto crítico. O crescimento populacional ultrapassava a capacidade produtiva das regiões rurais, enquanto a mecanização agrícola ainda dava seus primeiros passos. Paralelamente, altos impostos, instabilidade política e, em alguns casos, perseguições ideológicas contribuíam para o clima de insegurança e insatisfação.
Frente a esse contexto, a emigração passou a ser vista como uma alternativa e uma válvula de escape para uma sociedade em crise.
As três grandes ondas migratórias
A história da emigração italiana pode ser dividida em três grandes fases, marcadas por contextos distintos e mudanças no perfil dos emigrantes. A seguir, você confere as principais características de cada uma dessas etapas.
Primeira onda da imigração italiana (c. 1880–1920)
A primeira grande onda migratória ocorreu entre 1880 e 1920. Inicialmente, a maioria dos emigrantes era proveniente do Norte da Itália, especialmente das regiões do Vêneto, Lombardia e Piemonte. A partir do início do século XX, a emigração passou a ser majoritariamente do Sul, com destaque para a Calábria, Sicília e Campânia.
O movimento coincidiu com a expansão industrial de países como os Estados Unidos e a necessidade de mão de obra para a agricultura nos países latino-americanos.
Segunda onda da imigração italiana (pós-Segunda Guerra Mundial)
Após a devastação da Segunda Guerra Mundial, a Itália entrou em um longo processo de reconstrução. Ainda assim, a pobreza persistia em muitas regiões, especialmente no Sul.
Entre o fim da guerra e os anos 1970, uma nova leva de italianos voltou a emigrar, desta vez em menor número, mas ainda expressiva. Muitos seguiram para países da Europa Ocidental, como Alemanha, Suíça, França e Bélgica, onde acordos bilaterais permitiram a entrada de trabalhadores italianos. Outros buscaram oportunidades em países da América Latina, Canadá e Austrália.
Terceira onda da imigração italiana (século XXI)
Mais recentemente, a chamada “fuga de cérebros” marca uma nova fase da emigração italiana. Jovens qualificados, desiludidos com a estagnação econômica e a falta de perspectivas na Itália, têm buscado oportunidades em outros países da União Europeia e além.
Embora em menor escala, esse movimento reafirma o papel histórico da emigração como resposta às crises nacionais.
Os principais destinos dos emigrantes
Entre os muitos países que receberam italianos, alguns se destacaram pelo número de imigrantes e pela influência deixada por essas comunidades.
Estados Unidos
Entre 1880 e 1920, os EUA se tornaram o principal destino dos italianos. Milhões desembarcaram em portos como o de Nova York, passando pela famosa estação de Ellis Island. A maioria vinha do Sul da Itália e se estabelecia em bairros operários, como a icônica “Little Italy”, formando comunidades coesas que, com o tempo, ascenderam social e economicamente.
Argentina
A Argentina foi outro destino cobiçado. Atraídos pela promessa de terras férteis e liberdade, italianos, principalmente do Norte, se instalaram em Buenos Aires e nas províncias agrícolas. Sua influência na cultura argentina é visível até hoje, no idioma, na gastronomia e nos sobrenomes.
Brasil
No Brasil, a imigração italiana teve dois grandes focos: o Sul e o Sudeste. No Sul, colonos vindos do Vêneto formaram pequenas comunidades agrícolas, especialmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Já em São Paulo, os italianos se tornaram mão de obra essencial nas lavouras de café. Com o tempo, muitos migraram para os centros urbanos, contribuindo para o desenvolvimento da indústria e do comércio paulista.
Saiba mais: Os registros dessas viagens podem ser conferidos através do Arquivo Público Nacional.
O legado cultural e econômico da diáspora
A presença italiana em diferentes partes do mundo deixou vestígios que ainda fazem parte do nosso cotidiano. Na comida, nas festas, na fé e nos costumes, é possível reconhecer a influência dos imigrantes e das comunidades que se formaram ao longo do tempo.
Restaurantes, celebrações típicas, igrejas e escolas fundadas por descendentes continuam preservando esse legado com orgulho.
No campo econômico, muitos italianos ajudaram a impulsionar a agricultura, o comércio e a indústria nos países para onde foram. Além disso, o dinheiro que enviavam para suas famílias na Itália foi fundamental para o sustento de muitos e ajudou a economia do país em momentos difíceis.
E essa ligação com as origens continua forte e se mostra, hoje, no número cada vez maior de pessoas que procuram o reconhecimento da cidadania italiana.
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Ao longo deste artigo, mostramos como a emigração italiana foi marcada por diferentes momentos, regiões e experiências, refletindo a complexidade do país e de seus povos.
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